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FRANCISCO INCANSÁVEL u279

19 março, 2025 e2142

Da cama de hospital, enfermo há mais de um mês, o Papa Francisco nos mostra um semblante incansável, de olhar para frente, de não se entregar. A idade parece não pesar em seu corpo diante da missão que lhe foi confiada pelo colégio dos cardeais. Temos a impressão que ele transportou o escritório do Vaticano para o hospital. 2r2f8

Aproveitando a experiência de estar doente, ele nos confessa abertamente: “A fragilidade humana tem o poder de nos tornar mais lúcidos diante do que dura e do que para, do que faz viver e do que faz morrer”. Assim vai aproveitando uma nova forma de lucidez, bem realista em termos de vida e seus limites e nos dando mais “lições” como é seu costume desde o início do pontificado.

No texto da oração do Angelus escreve aos funcionários do Hospital onde está internado: “Estou a atravessar um momento de provação e uno-me aos muitos irmãos e irmãs doentes. O nosso físico é fraco, mas nada nos pode impedir de amar e rezar”.

Tem sido comum na porta do Hospital Gemelli onde está internado a presença de centenas de crianças com balões, cartas e desenhos para entregar ao Papa. Lembrando delas e de todas que estão espalhadas pelo mundo inteiro ele lhes diz: “Obrigado, queridas crianças! O Papa ama vocês e espera sempre encontrá-las”.

Em outra carta publicada recentemente, seu olhar para as guerras continua ainda mais atento. “As armas devastam as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer solução para os conflitos”. A guerra parece ainda mais absurda nos momentos de doença, ele nos diz. E aponta tarefas para as religiões. Elas “podem apoiar-se na espiritualidade dos povos para reavivar o desejo de fraternidade e de justiça, esperança e paz”.

Na mesma carta, em seguida, uma grande lição: “Precisamos desarmar as palavras para desarmar as mentes e desarmar a Terra”. Vivemos em tempos de altas polarizações, armadas em todos os sentidos, inclusive entre os próprios discípulos de Cristo. A guerra travada com alguns influencers católicos a serviço do poder político é um mau exemplo.

Também o projeto de reformas da Igreja não fica na gaveta enquanto está num estado de convalescença. Buscou ajuda de seus assessores mais próximos e autorizou um novo ciclo de reformas da Igreja Católica para “tornar a instituição mais acolhedora e responsiva, mais participativa e colaborativa”.

A missão reformadora parece não ter fim em seu olhar de pastor. Também do leito hospitalar aprovou o processo de implementação das mudanças decorrentes do Sínodo dos Bispos com um cronograma de ação até 2028 objetivando concretizar as reformas da Igreja.

O Sínodo realizado em outubro do ano ado em Roma, inconcluso, continuará a discutir o futuro da Igreja, especialmente em temas mais desafiadores como a possibilidade de mulheres servirem como diaconisas. No cronograma aprovado pelo Papa constam novas tarefas de escuta ou consulta aos católicos do mundo todo pelos próximos três anos, até sua conclusão em outubro de 2028.

Busca usar todos os meios possíveis para manter-se presente na vida da Igreja. Assim, a bênção sempre concedida da janela com vista para a praça São Pedro é transmitida em texto e lida no mesmo horário da tradicional bênção que ele conduzia.

Celebrou os doze anos de pontificado com um pequeno bolo no hospital. Logo nos vem à memória seu primeiro discurso como Papa no dia 13 de março de 2013. Precisamos recordar um dos doze marcos deste tempo de graça. Naquele primeiro contato com o Povo de Deus ele nos pedia para sermos guardiães da criação. E fez um pedido. Não podia perder a oportunidade. Tornou-se o primeiro ponto de seu programa pontifício.

Ele nos dizia na época: “Queria pedir a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos guardiães da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiães do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”.

Ser guardião e guardiã é estar em estado de vigília sobre todo o conjunto que nos cerca. Para guardar tudo o que Deus nos deu é preciso cuidar de nós mesmo. Ódio, inveja, orgulho, intolerância, sujam a vida. É preciso sermos vigilantes de nossos sentimentos, de nosso coração, pois dele brotam intenções boas e más, as que edificam e as que destroem. “Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”.

Força, Francisco! O Povo de Deus te acompanha e reza.

Edebrande Cavalieri

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